Os desafios em torno da doação de órgãos no Brasil

Por José Airton Ferreira (Estudante)

No universo da teledramaturgia e do cinema, a doação de órgãos já foi retratada em diversas produções, a exemplo da série espanhola “Vis a Vis”, exibida pela plataforma de “streaming” Netflix, na qual a personagem Sole, interpretada pela atriz Maria Isabel Diaz, vive o drama de esperar um doador para receber que um transplante de coração possa ser feito. Saindo da ficção, essa mesma situação é enfrentada por milhares de pessoas ao redor do Globo, sendo que no Brasil diversos desafios são recorrentes no tocante a essa temática.
Referente a isso, dentre os principais fatores que geram impasses, está a não permissão da retirada de órgãos e tecidos de indivíduos que foram a óbito pelas suas famílias. Tal situação ocorre na maior parte das vezes devido à morte cerebral, o que permite preservar os seus sistemas em bom estado. Entretanto, devido à angústia e tristeza dos familiares, a oferta dessas partes não é concedida, acarretando maior tempo para aqueles que esperam, e óbito àqueles que estão em situação crítica.
Porém, tal problemática é resolvida com eficácia em países como Espanha e Croácia, onde todos os cidadãos são considerados doadores quando falecem, contanto que se declarem, por intermédio de um documento, que não desejam fazer parte dessa ação de saúde. No território brasileiro, há a PLS 405/2012, formulada pelo senador Humberto Costa (PT-PE), que possui as mesmas condições para lidar com essa situação que as citadas anteriormente. Todavia, ainda está para ser aprovada pelas instituições legislativas. Além da dificuldade da autorização pelos parentes, ainda há grupos religiosos que se posicionam contra o ato de doar já exposto, alegando que seja uma ação proibida por se tratar de um pecado.
Portanto, é de suma importância para se combater os desafios no transplante de órgãos e tecidos que o Governo Federal, por intermédio do Ministério da Saúde, promova campanhas midiáticas, divulgadas em redes sociais e canais de TV aberta, para conscientizar as pessoas a respeito da importância do transplante. Também é necessária a realização de palestras nas escolas em geral, para que desde crianças os cidadãos desenvolvam o pensamento de que é importante e urgente doar para ajudar ao próximo. Ademais, é preciso que a emenda desenvolvida pelo senador pernambucano seja aprovada pelo Poder Legislativo e sancionada pelo Executivo, para que a maioria os desafios da doação de órgãos sejam superados.
(Texto produzido na Oficina de Redação do Professor José Roberto Duarte)